sexta-feira, 19 de outubro de 2012


ESPORTE DA ESCOLA OU NA ESCOLA?
          Segundo Bracht, “a EFI tem seu papel no processo de socialização. E, socialização é uma forma de controle social, pela adaptação do praticante aos valores e normas dominantes como condição alegada para a funcionalidade e desenvolvimento da sociedade”. Percebe-se que, assim como as outras disciplinas, a EFI tem seu papel na construção de valores e códigos que permeiam a sociedade. Bracht ainda coloca que “...realmente o esporte educa. Mas, educação aqui, significa levar o indivíduo a internalizar valores, normas de comportamento, que possibilitarão adaptar-se à sociedade capitalista. Educação que leva ao comportamento e não ao conhecimento”. É com essa afirmação que percebemos o que pode nos dizer essas duas terminologias: esporte na escola e esporte da escola. O esporte da escola se caracteriza por um esporte de rendimento, de treinamento, baseado no esporte olímpico, injetado na escola por uma cultura dominante, televisiva e mercadológica. (Rita 2004). Como isso se dá na prática? Desenvolvem-se modalidades esportivas mais conhecidas como futebol e, no máximo vôlei; privilegia como conhecimento de determinadas modalidades esportivas, exclusivamente a execução técnica e tática dos seus fundamentos; reforça a idéia de ascensão social através do esporte; “sobe essa característica cabe uma análise: vivemos em um país de população predominantemente, na linha da pobreza e, por isso, com muitas dificuldades de ascensão social pela educação. O esporte acaba sendo visto como uma possibilidade imediata para se” dar bem na vida “tanto, filhos como a família”. Além dessas, outras características como reforço do individualismo e privilégio das atividades repetitivas e mecânicas. Os PCNs para a área de Educação Física escolar trazem três aspectos que evidenciam as característics básicas do esporte na escola: o da inclusão, que sistematiza objetivos, conteúdos, processos de ensino-aprendizagem e de avaliação com o intuito de inserir o aluno na cultura corporal de movimento; o da diversidade, mais aplicado à construção dos processos de ensino e aprendizagem, assim como uma orientação da escolha de objetivos e de conteúdos, visando a ampliar as relações entre os conhecimentos da cultura corporal de movimento e os sujeitos da aprendizagem. Por último, as categorias de conteúdos (conceitual, atitudinal e procedimental) (BRASIL, 1998).
       Elenor Kunz: “É uma irresponsabilidade pedagógica trabalhar o esporte na escola que tem por conseqüências provocar vivências de sucesso para uma minoria, e vivência de insucesso ou fracasso para a maioria”.
          Em contraposição, o esporte na escola privilegia a manifestação cultural e coletiva, própria de cada comunidade e carrega a perspectiva da autonomia. Trabalha-se com os aspectos de cooperação e coletivismo, onde nos sensibiliza para a percepção de que a sociedade é construída a partir dos relacionamentos e dependências com os outros indivíduos que nela coexistem. E que isso, dar valor ao outro, é atuar com inteligência e estratégia na construção de uma sociedade construtiva e pacífica. Também encaminha as crianças para uma prática prazerosa sem se furtas às competições pedagógicas. Pode-se aliar técnica, disciplina e estudo rigoroso sobre determinada atividade. A partir daí, o esporte na escola contribui para se identificar os talentos às mais variadas modalidades e encaminhá-la aos clubes de competição.




Helder Rodrigo - Acadêmico de Educação Física.

Nenhum comentário:

Postar um comentário