domingo, 28 de outubro de 2012



Esporte Escolar X Esporte Rendimento

Silvia Stelmastchuk
Sueli Carrijo Rodrigues

Esportes Educacionais
O  principal  equívoco  histórico  do  entendimento  do  esporte-educação  é  a sua percepção  como  um ramo  do  esporte  rendimento.  Nesta  percepção  equivocada,  as competições  escolares,  que  deveriam  ter  um  sentido  educativo,  em  vez  disto, simplesmente reproduzem as competições de alto nível, com todas suas características, inclusive com seus vícios deformando qualquer conceituo de educação. A educação, que tem um fim eminentemente social, ao compreender o esporte como manifestação  educacional,  tem que exigir do chamado esporte-educação um conteúdo fundamentalmente educativo.
Na argumentação de que o esporte na escola pode ser um dos meios mais efetivos de formação de jovens, a prática esportiva como educação social será indispensável nos seus processos de emancipação. Embora exista literaturas ( Kunz, 2004, Bracht, 2003, Tubino,2001 ) na defesa o esporte-educação desvinculado de padrões de rendimento e somente com compromisso educativo, as experiências ainda são escassas. Uma das experiências aceita nesse sentido foi a desenvolvida no Brasil,em 1989,nos Jogos Escolares Brasileiros, com cerca de  aproximadamente  3600  estudantes  participantes,  sob  responsabilidade  do  próprio autor, que na ocasião dirigia a antiga secretaria da Educação Física e Desportos, ligada ao Ministério da Educação. Naquela oportunidade, juntamente com educadores brasileiros, foi possível desenvolver aqueles jogos, com referência em cinco princípios sócio-educativos  que  foram:  o  princípio  da  participação,o  principio  da  cooperação,  o princípio da co-educação, o princípio da integração e o principio da co-gestão ou da responsabilidade.
Desta  maneira  podemos  registrar  que,  o  esporte-educação  com  sua responsabilidade de conteúdo no sentido de formação, já é uma questão sócio-educativa que cada dia passa a receber e provocar discussões mais profundas.O Programa Segundo Tempo se encaixa no esporte educação e tem como públicoalvo crianças, adolescentes e jovens expostos aos riscos sociais. Promover encontro de abrangência  nacional  dos  parceiros  do  Ministério  do  Esporte  no  Programa  Segundo Tempo, com vistas a aprofundar os debates sobre o esporte como fator de inclusão social, discutir os procedimentos de implantação, desenvolvimento e gestão.
OBJETIVOS
a) Fortalecer o envolvimento e o compromisso de gestores e coordenadores-gerais com o Programa Segundo Tempo;
b) Promover a reflexão como referencial para intervenção na realidade;
c) Promover a difusão do conhecimento e conteúdos do esporte;
d) Qualificar recursos humanos para coordenar e ministrar as atividades esportivas;
e) Difundir a proposta pedagógica, visando sua observância e o controle social;
f) Realizar debates abordando as temáticas transversais ligados ao esporte educacional;
g) Propor Plano de Capacitação Descentralizado, definindo metas para o exercício de
2007;
h) Desenvolver o estimulo a atividades produtivas e dedicação a uma aprendizagem
continuada;
i) Favorecer a interatividade com os outros atores do Programa Segundo Tempo;
j) Tornar o gestor bem preparado para enfrentar os desafios da gestão de convênios,
melhorando a qualidade e eficiência dos serviços prestados à sociedade.
Justificativa
O Ministério do Esporte, ao implantar o Programa Segundo Tempo como uma de suas linhas prioritárias, pretendeu democratizar o acesso à prática esportiva por meio de atividades  realizadas  no  contra-turno  escolar  com  a  finalidade  de  colaborar  para  a inclusão social, bem-estar físico, promoção da saúde e desenvolvimento de crianças e adolescentes,  portadores  de  necessidades  especiais,  comunidades  indígenas, quilombolas  e  afro-descendentes  que  encontram-se  dentro  e  fora  da  escola, principalmente em situação de vulnerabilidade social. Essa é uma tarefa de grandes dimensões, porque passa pela mudança de conceito sobre o papel que a atividade esportiva e de lazer desempenham. Trata-se de quebrar mitos  e  preconceitos  e  de  assegurar  maior  transparência  e  participação  popular  no processo da gestão governamental.Para que o esporte educacional seja valorizado é preciso identificar e integrar os agentes  nas  esferas  federal,  estadual  e  municipal,  definir  seus  papéis  e  suas responsabilidades, como também integrar no processo as escolas, empresas, entidades de classe, ONGs e as entidades gestoras do esporte.
Esportes participação
O Esporte-participação ou popular tem relações íntimas com o lazer e o tempo livre. Esta manifestação,  que  ocorre  em  espaços  não  comprometidos  com  o  tempo  e  fora  de obrigações  da  vida  diária,  de  modo  geral,  tem  como  propósitos  a  descontração,  a diversão, o desenvolvimento pessoal e as relações entre as pessoas. Também oferece oportunidades  de  liberdade  a  cada  praticante,  a  qual  inicia  na  própria  participação voluntária. A outra face de notável relevância social do esporte-participação é relativa à questão da participação, considerada como um aspecto essencial de democratização. O esporte-participação como a própria denominação sugere, ao promover a participação e ao  obter  sucesso  neste  seu  objeto  principal,  pode-se  afirmar,  equilibra  o quadro  de desigualdades  de  oportunidades  esportivas,  encontrado  na  dimensão  do  esporte rendimento. Enquanto o esporte-rendimento só permite sucesso aos talentos ou àqueles que tiveram condições, o esporte-participação, ao contrário, favorece o prazer a todos que dele desejarem tomar parte. Exemplos são os projetos políticos sociais se engajam na demanda sócio-esportiva do  país,  firmando  novas  parcerias  com  os  mais  diversos  setores,  que  juntos  visam contribuir  efetivamente  para  o  combate  das  mazelas  de  nossa  sociedade,  e  que conseqüentemente irão agregar valores inestimáveis às suas marcas, e inerentes a essa ação, como:  Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Governança.
A parceria firmada entre o Ministério do Esporte e o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente - CONANDA, possibilita a captação de recursos incentivados junto a pessoas físicas e jurídicas, as quais poderão direcionar suas doações aos Projetos Esportivos  Sociais  aprovados  de  sua  preferência,  por  meio  de  depósitos  em  conta específica no Fundo Nacional para a Criança e o Adolescente, conforme disposto no Art. 260 do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA. Ressaltamos que as doações realizadas por pessoas jurídicas não têm influência nas aplicações feitas às leis de incentivo à cultura, ou seja, Lei Rouanet e Áudio-visual. Diante  de  um  país  em  que  os  problemas  sociais  devem  ser a  principal preocupação  dos  governantes,  temos  o  dever  moral  e  ético  de  exercermos  a Responsabilidade Social, principalmente no que tange à democratização do acesso ao esporte e ao lazer para a infância e a adolescência. Tais conceitos estão presentes no Art. 227 da Constituição Federal, no Art. 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente, e na Carta dos Direitos da Criança no Esporte - Avignone. Reconhecido sua importância, esse tema é constante nas discussões entre o Governo Federal e organismos internacionais como a Unesco, Unicef e ONU. É sabido que as classes menos favorecidas sempre viram o esporte como uma forma  de  galgar  posições  na  vida,  de  superar  barreiras  da  ascensão  social  e  de, potencialmente, obter sucesso. Comprovadamente, na atualidade, sabemos que é muito mais  que  isso...  Fazer  e  produzir  esporte  é  gerar  mais  saúde,  mais  equilíbrio,  e  é principalmente  um  importante  instrumento  para  capacitar  pessoas  a  ingressarem construtivamente na sociedade. A  Ação  Projetos  Esportivos  Sociais  dá  oportunidade  para  ampliarmos  o atendimento.
Esportes Rendimento 
Dimensão social do esporte que exerce efeitos importantes na sociedade. Por exigir uma organização complexa de investimento, o esporte rendimento, cada vez mais, passa a ser de responsabilidade de iniciativa privada. Traz consigo o propósito de novos êxitos esportivos, a vitória sobre os adversários nos mesmos códigos, e é exercido sob regras preestabelecidas pelos organismos internacionais de cada modalidade. O que impede de ser considerada uma ação democrática, é que ele tem uma tendência natural para que seja praticado principalmente pelos chamados talentos esportivos.

É  no  esporte  rendimento  que  se  encontra  a  crítica  aguda  ao  esporte, principalmente pelos autores que combatem  o capitalismo,  que consideram parte da competição  e  suas  vinculações  com  negócios  financeiras  sintomas  evidentes  de  um capitalismo exacerbado. Como exemplo do esporte rendimento apresentamos a rede CENESP que é composta pelas estruturas físicas e administrativas, recursos humanos e materiais existentes nas instituições de ensino superior, onde os centros ou núcleos estão implantados. Cada CENESP é formado em estreita parceria com a Secretaria Nacional de Esporte, o Comitê  Olímpico  Brasileiro,  o  Comitê  Para  olímpico  Brasileiro,  com  as  entidades  de administração do desporto em nível local, estadual e nacional, e com a iniciativa privada, como prestadores de serviços à comunidade esportiva em geral. O processo de implantação abrange todas as regiões geográficas, respeitando-se suas
peculiaridades.

Kênia Carneiro- Acadêmica de Educação Física. 

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Esporte,arte e cidadania



    Nas salas de aula, nas quadras, nos seminários, encontros e debates, o esporte está sempre na pauta das discussões. Sejam essas de cunho informal, como a que observamos nos comentários e análises dos torcedores brasileiros após um intenso final de semana esportivo; ou revestido de um caráter mais formal, onde as análises são mais aprofundadas, com o intuito de entender determinado fato esportivo ou o seu influxo no dia a dia. Nessas discussões, geralmente, o tema "esporte" gira em torno de questões, como:
- O esporte é o ópio do povo?
- O esporte é capaz de promover, naquele que o pratica, uma certa consciência crítica, ou ele, por si só, da forma como se encontra estruturado, é um elemento a mais a forjar indivíduos aptos a exercerem os seus papéis frente ao nosso sistema econômico?
- A quem serve o esporte?
- A violência que graça os palcos esportivos traduz, de alguma forma, a falência do sistema político onde o esporte está inserido?
- Pode o esporte, em uma sociedade de estrutura de classe burguesa, transformar-se em um fator contra-ideológico dessa sociedade?
- É o esporte um instrumento de transformação ou de dominação?
    Todas essas e outras indagações permeiam atualmente as discussões sobre o esporte entre aqueles que estão preocupados com o rumo do mesmo, no interior das escolas brasileiras - sejam elas públicas ou privadas. Cabe explicitar que, este artigo, não tem a intenção de responder a todas essas perguntas e, tampouco, esgotar as questões supra-citadas mas, apenas, evidenciar alguns elementos, no intuito de contribuir para as discussões pertinentes ao esporte, bem como propor alguns conteúdos temáticos, no sentido de redimensionar a nossa práxis pedagógica, levantando algumas considerações a respeito da nossa ação no contexto escolar.

Esporte: fenômeno social
    Esse debate, que se iniciou efetivamente no início da década de 80, tem levado alguns professores de educação física a se questionarem e a tomarem determinadas decisões, repensando a sua metodologia e promovendo uma transformação substancial no ensino do esporte na escola.
    Ao visitarmos algumas escolas de Salvador, fica mais do que evidente, que a afirmação supra-citada ainda não corresponde à totalidade dos professores. No entanto, percebe-se uma tentativa efetiva por parte de uma pequena parcela dos docentes em fazer, da sua aula, um momento de desenvolvimento das potencialidades humanas amplas, onde elementos como o mercantilismo do esporte, a violência das torcidas organizadas, dos jogadores em campo, a discriminação dos negros e da mulher, só para citar alguns exemplos são partes integrantes da metodologia de alguns professores da rede pública de ensino da referida cidade.
    Nesse sentido, o professor de educação física, tendo em vista a importância que assume o esporte como conteúdo das suas aulas, precisa refletir cotidianamente sobre a sua ação docente, quando da intenção de fomentar esse fenômeno social, que nos últimos tempos tem assumido uma dimensão bastante significativa em todo o mundo, despertando paixões, emoções e interesses diversos.
    E é justamente a dimensão educacional sobre a ótica da concepção histórico-crítica que precisa ser cada vez mais valorizada no universo escolar, onde o esporte envolve-se em uma roupagem performática, priorizando os talentosos em detrimento dos "pernas-de-pau", criando:
uma espécie de dupla pedagogia, pela qual um grupo de alunos, minoritários, está submetido a uma proposta inspirada no esporte de alto rendimento, enquanto o restante, que é a maioria, é desconsiderado pela escola. (RIGOR, 1995, p.90)
    Restringe, portanto, o professor, a abordagem do esporte em sua dimensão de performance, enfatizando as questões técnicas, aproveitando apenas aqueles alunos que já as dominam, que já sabem o esporte. Nesse sentido, o esporte é ensinado de forma descontextualizada, os rumos da ação pedagógica são caracterizados pela insistência na abordagem do esporte de rendimento, buscando sempre a otimização dos movimentos técnico-gestuais, onde não se leva em consideração o ritmo de cada aluno.
    Se quisermos mudar essa característica de abordagem do esporte escolar, temos de ter consciência do tipo de homem que queremos formar e do tipo de sociedade que queremos ter. Sem essas idéias claras, será difícil uma prática consciente e transformadora. Assim, vale ressaltar, que se faz necessário saber quais os valores que intrinsecamente estão sendo abordados e reforçados no bojo do ensino do esporte na escola.

A dimensão multifacetária do esporte
    O esporte moderno, oriundo da burguesia inglesa do século XIX, que, ao longo do tempo, foi criando características próprias onde a especialização, a busca de rendimento e a mercantilização, dentre outros aspectos, aparecem, atualmente, como sendo suas marcas principais, transforma-se a cada dia que passa pela sua abrangência e relações em um fenômeno transnacional, que envolve diferentes classes, raças e crenças, despertando paixões e emoções diversas.
    A estruturação do esporte moderno, a partir de elementos característicos das sociedades capitalistas, favoreceu algumas críticas por parte daqueles que o viam como um dos instrumentos de dominação burguesa. Esses autores compreendem, que
Pelas regras das competições, o esporte imprime no comportamento, as normas desejadas da competição e da concorrência; as condições do esporte organizado ou de rendimento são, simultaneamente, as condições de uma sociedade de estruturação autoritária. O ensino dos esportes nas escolas enfatiza o respeito incondicional e irrefletido às regras e dá a estas um caráter estático e inquestionável, o que não leva à reflexão e ao questionamento, mas sim ao acomodamento.(BRACHT, 1992, p. 59)
    Devido a tais afirmações e entendimento, que Bracht (1992) considera como disfuncionais do processo de socialização através do esporte, muitas críticas ao esporte foram construídas pelo alto comando soviético após a revolução de 1917, pois, o mesmo, entendia-o como um divertimento de base burguesa.
    Essas considerações nos permitem perceber que existem diferentes conceitos e entendimentos sobre o esporte, e que esses determinam o seu caráter de utilização em diferentes estruturas sociais, pois o esporte...
(...) assim como outras esferas sociais, tais como a educação, a saúde, a comunicação etc., não possui poderes mágicos para existir independentemente das relações entre os sujeitos que as tornam reais, concretas e objetivas. (LOPES, 1987, p.82).
    Portanto, o primeiro passo para compreender o esporte em uma dimensão multifacetada, é pensá-lo como algo real, que sofre influência do meio externo e das pessoas que o praticam. O segundo passo, é compreendê-lo de forma ampla, não o restringindo a sua dimensão social em apenas um tipo de abordagem: o esporte de rendimento.
    Essa dimensão sócio-cultural do esporte é a que mais está evidente na prática esportiva escolar, onde o professor de educação física, em busca de uma valorização profissional, que por sua vez é medida pelos números de torneios vencidos, medalhas adquiridas ou de troféus erguidos, deixa de considerar alguns elementos essenciais para a estruturação de uma aula realmente educativa, contra-hegemônica, reforçando a competição exacerbada e a discriminação através da seletividade e do individualismo.
    Nas universidades, berço de formação dos professores que vão atuar com o esporte na escola, essa cultura esportiva é alimentada de forma sistemática. Muitas vezes, nas próprias academias, o esporte não é pensado criticamente e nem valorizado enquanto elemento da nossa cultura corporal. Ao contrário, os alunos dos cursos de licenciatura e bacharelado em educação física trazem, em sua história de vida, elementos do esporte de rendimento praticados por eles antes de ingressarem na universidade e esta, com a sua prática irrefletida, reforça esses movimentos corporais estereotipados, estendendo-o à escola.
    E é no ambiente escolar que os maiores equívocos são cometidos por parte dos professores, que enfatizam a eficiência, eficácia e rendimento. São por essas e outras questões que quando perguntamos a algumas pessoas o que elas vêem de essencial no esporte, as respostas são quase sempre vazias de significados. Não sabem responder, por exemplo, o que de importante elas aprenderam no vôlei ou no basquete, que não tenha sido apenas relativo aos gestos técnico-esportivos. Sem falar naqueles que se sentiram totalmente à margem do processo, por não terem as habilidades imprescindíveis à prática do esporte escolar.

Esporte escolar: aprendizagem significativa-existencial-coletiva
    Praticamos muito esporte, mas refletimos pouco sobre ele e sobre os conteúdos que dele emergem. O racismo, o individualismo, a ética, a passividade, a inércia, a violência, a agressividade e tantos outros fatores que surgem na sua prática, são pontos considerados relevantes para uma discussão com os alunos no interior da escola, mas o que tem sido feito? Apenas transmitem-se técnicas e estilos de ensino do esporte aos alunos, fazendo com que eles aprendam um esporte e não com o esporte, em uma abordagem eminentemente tecnicista, elitizando uma parcela do alunado. No entanto, essa postura seletiva, elitista e discriminadora tem que se transmudar em uma temática socializante, pois...
(...) cabe ao professor engajado na luta mais ampla, que excede o âmbito da escola e do sistema de ensino, escolher entre fazer de sua ação pedagógica um instrumento que apenas reproduz as violências educacionais (desigualdades, discriminação, preconceitos, etc) ou torná-la uma poderosa arma de negação desta caótica situação. (CARMO, 1985, P. 39).
    Para que isso aconteça, é necessário que os professores estejam sempre alertas para os acontecimentos do dia a dia como fatores de enriquecimento dos conteúdos, nesse caso, o esporte. É preciso fomentar a crítica, questionar o cotidiano. Porque não, como propõe Pey (1991), no bojo de uma aprendizagem significativo-existencial-coletiva, vertermos a nossa crítica para o vivido aqui e agora, interpretando e questionando a realidade que nos circula?
    Aqui, pode-se relembrar o que aconteceu após a Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos da América, onde aconteceu o episódio da Seleção Brasileira a respeito dos produtos que os jogadores traziam em suas bagagens. Produtos esses que, de acordo com a Lei, deveriam ser taxados devido ao excesso de peso, porém nada aconteceu. O fato teve grande repercussão na imprensa falada e escrita e alguns questionamentos surgiram: liberam ou não o imposto? Todos pagam impostos no Brasil? O fato de os atletas serem tetra-campeões lhes davam o direito de exigirem isenção?
    O referido fato trouxe à tona esses e outros questionamentos. Não seria o caso de se refletir mais profundamente com os alunos sobre esta situação ou outra, trazendo às aulas elementos do próprio cotidiano? Poderiam ser solicitadas entrevistas ou algo que o valha, opiniões dos familiares e amigos sobre o assunto, culminando em debates e seminários em sala de aula.
    Na Copa da França tivemos a denúncia de jornalistas a respeito da interferência de uma famosa marca de tênis sobre a Seleção Brasileira. O que está sendo feito com esses elementos que permeiam a prática não só do futebol, mas do esporte de uma forma geral? É uma pena constatar que muitos professores, segundo Carmo (1985), assistem passivamente pela televisão as violências nos campos de futebol, os subornos, os artifícios espúrios de que alguns dirigentes lançam mão para vencerem, e nem sequer aproveitam estas condições para despertar nos alunos o senso crítico, na busca dos determinantes destes fatos!

Conteúdos temáticos: proposta metodológica
    As reflexões levantadas até aqui apontam para um nível de compreensão do esporte a partir da perspectiva histórico-crítica, onde a busca dos gestos esportivos performáticos não sejam o essencial na nossa ação educativa. Um elemento tão rico em significados, não deveria ser colocado em um plano tão reduzido.
    No cotidiano das aulas de educação física, é perceptível uma prática reprodutora do esporte de rendimento que é vivenciado na mídia televisiva: esgota-se em cada aula para ser, na próxima, mais uma vez reproduzida, sempre com um fim si mesma. E é no sentido de superação dessa realidade, que se propõem alguns temas na intenção de subsidiar as aulas.
    As propostas que serão apresentadas aqui, foram estabelecidas a partir de discussões com alguns colegas da área, em cursos que tive a oportunidade de ministrar e no cotidiano escolar:
  1. Permitir a exploração de gestos e movimentos diversos na resolução de problemas apresentados pelo professor. Exemplo: 1- O que é arremesso? 2- Quais os tipos de arremessos que podem ser feitos? 3- Existem outras formas de arremessar? 4- Em que outras situações do cotidiano utilizamos o arremesso?;
  2. Partindo do esporte já normatizado, perguntar: 1- Todos podem fazer parte desse esporte? 2- O que impossibilita a participação de todos? 3- Podemos mudar as regras?;
  3. Dentro da perspectiva de que os alunos trazem consigo histórias próprias de movimentos esportivos, permitir que eles proponham a sua forma de utilização;
  4. Abordar os fenômenos esportivos e as questões mais amplas que envolvem o esporte, tais como: a violência das torcidas organizadas, o papel dessas torcidas no espetáculo esportivo, a "charanga", as músicas cantadas, os subornos, o doping , a discriminação racial entre outros em forma de seminários, envolvendo toda a escola;
  5. Abordar as mudanças que o esporte sofreu ao longo do tempo. Se possível, vivenciar essas mudanças;
  6. Experimentar a vivência de diferentes materiais em atividades semelhantes, observando e discutindo as dificuldades sentidas pelo grupo;
  7. Elaborar seminários, através de pesquisas sobre diversos temas relativos ao esporte;
  8. Desenvolver painéis alusivos ao tema que estiver sendo trabalhado em aula, espalhando pela escola;
  9. Desenvolver olimpíadas inter-salas e/ou escolares onde os alunos participem na estruturação das mesmas, inclusive nas modificações das regras dos jogos onde a tônica deverá ser a participação de todos.

    Os pontos abordados são formas metodológicas que podem ser utilizadas nas aulas, respeitando a faixa etária do aluno, bem como a sua realidade. É importante que o professor fique atento para o surgimento de outros conteúdos temáticos na dinâmica da sua aula, para que, desta forma, o fenômeno esportivo ganhe mais sentido e significado no cotidiano escolar. Observar o esporte e as suas relações com o mundo que o cerca, e permitir uma compreensão crítica do mesmo junto com o aprendizado dos movimentos gestuais que possibilitem o jogar, é o mínimo que se espera do professor de educação física.

Referência bibliográfica
  • BRACHT, Valter. Educação Física e Aprendizagem Social. Porto Alegre, Magister, 1992.
  • CARMO, Apolônio Abadio do. Educação Física: Competência Técnica e Consciência Política: em busca de um movimento simétrico. Uberlândia, UFU, 1985.
  • PEY, Maria Oly. Reflexões Sobre a Prática Docente. São Paulo, Edições Loyola, 1991.
  • RIGOR, Luiz Carlos. A Educação Física fora de forma. In: Revista Brasileira de Ciências do Esporte. Santa Maria, UNIJUÍ. Vol. 16, Nº. 02, 1995, p. 82-93.
Fonte:http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 79 - Diciembre de 2004

Aluna de Educação Física: Dayse Jadão

A história dos jogos escolares


s competições estudantis são uma oportunidade de estímulo ao espírito esportivo, além de difundirem os valores do esporte entre os jovens. São 41 anos de história de incentivo à prática esportiva nas escolas do Brasil. Jogos Estudantis Brasileiros, Jogos Escolares Brasileiros, Campeonatos Escolares Brasileiros, Jogos da Juventude, Olimpíadas Colegial Esperança e as atuais Olimpíadas Escolares fazem parte dessa história.
Os Jogos Estudantis Brasileiros (JEBs) foram a primeira competição de cunho escolar de abrangência nacional. Criada em 1969 pela antiga divisão de Educação Física e Desporto do Ministério da Educação e Cultura (DEF/MEC), a edição de estreia foi realizada na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro.
Em 1976, esses jogos sofreram a primeira mudança de nome, para que estivessem em consonância com a Lei nº 6.251 de 1975 e com o Decreto 80.228 de 1977, que dividia o esporte estudantil em esporte escolar e esporte universitário. Os jogos então passaram a ser chamados de Jogos Escolares Brasileiros (JEB´s). Numa tentativa de tornar os jogos mais econômicos, em 1978, 1980 e 1982 aconteceram os Campeonatos Brasileiros Escolares, divididos por modalidades e classificatórios para o JEB´s dos anos seguintes.
Entre 1985 e 1989, ocorreram muitas mudanças nos jogos, e uma das principais foi o veto à participação dos atletas escolares federados nesses eventos. Essa atitude levou a uma brusca queda no nível técnico da competição. Por outro lado, esse período marca o início da participação dos atletas com deficiência nos eventos escolares.
Na década de 1990, com o surgimento dos Jogos da Juventude, o Comitê Olímpico Brasileiro passou a participar da organização dos jogos em parceria com o Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto (Indesp). Com o advento da Lei Agnelo/Piva (10.264/01), determinando que 10% dos recursos das loterias destinados ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) sejam aplicados no esporte escolar, essas entidades (COB e CPB) passaram a assumir o protagonismo na organização da fase nacional dos jogos escolares.
Com o amadurecimento dos jogos, observou-se que o crescente envolvimento da escola no processo (iniciado com as Olimpíadas Colegial da Esperança em 2000) e a fonte de financiamento de formato sustentável (Lei Agnelo/Piva, 10.264/01), possibilitaram uma maior participação dos atletas escolares nas Olimpíadas Escolares, criadas em 2005, fruto da parceria entre o Ministério do Esporte, Comitê Olímpico e a Rede Globo.
A Olimpíada Escolar integra atletas escolares da rede pública e privada do país, envolvendo aproximadamente seis mil jovens em duas edições anuais - de 12 a 14 e 15 a 17 anos. Para participar do evento é necessário passar por seletivas municipais e estaduais até chegar à etapa nacional, em que os atletas escolares representam a escola de origem.
Fonte: Arantes, A.C.A. “Jogos escolares brasileiros: Reconstrução histórica” Revista Motricidade , suplemento do VOL 7, 2011. Vila Real

Aluna de Educação Física :Kênia

sexta-feira, 19 de outubro de 2012


ESPORTE DA ESCOLA OU NA ESCOLA?
          Segundo Bracht, “a EFI tem seu papel no processo de socialização. E, socialização é uma forma de controle social, pela adaptação do praticante aos valores e normas dominantes como condição alegada para a funcionalidade e desenvolvimento da sociedade”. Percebe-se que, assim como as outras disciplinas, a EFI tem seu papel na construção de valores e códigos que permeiam a sociedade. Bracht ainda coloca que “...realmente o esporte educa. Mas, educação aqui, significa levar o indivíduo a internalizar valores, normas de comportamento, que possibilitarão adaptar-se à sociedade capitalista. Educação que leva ao comportamento e não ao conhecimento”. É com essa afirmação que percebemos o que pode nos dizer essas duas terminologias: esporte na escola e esporte da escola. O esporte da escola se caracteriza por um esporte de rendimento, de treinamento, baseado no esporte olímpico, injetado na escola por uma cultura dominante, televisiva e mercadológica. (Rita 2004). Como isso se dá na prática? Desenvolvem-se modalidades esportivas mais conhecidas como futebol e, no máximo vôlei; privilegia como conhecimento de determinadas modalidades esportivas, exclusivamente a execução técnica e tática dos seus fundamentos; reforça a idéia de ascensão social através do esporte; “sobe essa característica cabe uma análise: vivemos em um país de população predominantemente, na linha da pobreza e, por isso, com muitas dificuldades de ascensão social pela educação. O esporte acaba sendo visto como uma possibilidade imediata para se” dar bem na vida “tanto, filhos como a família”. Além dessas, outras características como reforço do individualismo e privilégio das atividades repetitivas e mecânicas. Os PCNs para a área de Educação Física escolar trazem três aspectos que evidenciam as característics básicas do esporte na escola: o da inclusão, que sistematiza objetivos, conteúdos, processos de ensino-aprendizagem e de avaliação com o intuito de inserir o aluno na cultura corporal de movimento; o da diversidade, mais aplicado à construção dos processos de ensino e aprendizagem, assim como uma orientação da escolha de objetivos e de conteúdos, visando a ampliar as relações entre os conhecimentos da cultura corporal de movimento e os sujeitos da aprendizagem. Por último, as categorias de conteúdos (conceitual, atitudinal e procedimental) (BRASIL, 1998).
       Elenor Kunz: “É uma irresponsabilidade pedagógica trabalhar o esporte na escola que tem por conseqüências provocar vivências de sucesso para uma minoria, e vivência de insucesso ou fracasso para a maioria”.
          Em contraposição, o esporte na escola privilegia a manifestação cultural e coletiva, própria de cada comunidade e carrega a perspectiva da autonomia. Trabalha-se com os aspectos de cooperação e coletivismo, onde nos sensibiliza para a percepção de que a sociedade é construída a partir dos relacionamentos e dependências com os outros indivíduos que nela coexistem. E que isso, dar valor ao outro, é atuar com inteligência e estratégia na construção de uma sociedade construtiva e pacífica. Também encaminha as crianças para uma prática prazerosa sem se furtas às competições pedagógicas. Pode-se aliar técnica, disciplina e estudo rigoroso sobre determinada atividade. A partir daí, o esporte na escola contribui para se identificar os talentos às mais variadas modalidades e encaminhá-la aos clubes de competição.




Helder Rodrigo - Acadêmico de Educação Física.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O objetivo dos esportes escolares



        A finalidade dos jogos é incentivar a prática do esporte nas escolas, descobrir novos talentos nas mais diferentes modalidades e integrar mais o aluno às atividades escolares. Alcançar o desenvolvimento integral do indivíduo, com o desenvolvimento dos 4 pilares da educação: Saber, Fazer, Ser e Conviver, para a formação de competências à cidadania plena, na busca da inclusão e transformação social.
    Desenvolvido nos sistemas de educação formal e não-formal de maneira desinstitucionalizada (não segue padrões das federações internacionais das modalidades esportivas), adaptando regras, estrutura, espaços, materiais e gestos motores de acordo com as condições sociais e pessoais, não é seletivo e hipercompetitivo, não tem fim nele mesmo, desenvolvendo habilidades e competências para além do aprendizado das técnicas e gestos motores, visando o desenvolvimento integral do indivíduo, mobilizando aprendizagens de conteúdos relacionados à saúde, cidadania, cultura, comunidade e protagonismo juvenil, contribuindo para a inserção social de crianças e adolescentes, como indivíduos que compartilham decisões que afetam a sua vida e da comunidade.




Mariane Hoffmann - Acadêmica em Educação Física.





sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Esporte escolar e sua importância

Esporte e Educação física estão intimamente ligados. A escola, muitas vezes é o local onde a criança tem o primeiro contato com o esporte, por isso devemos atentar para que as aulas de Educação Física tenham o maior proveito possível do esporte e trazer todos os benefícios que este pode representar para a formação física, mental e do caráter do cidadão.
    (Tubino, 1993) A busca do homem por um equilíbrio completo é explícita na famosa frase “mente sã, corpo são”, onde a dicotomia de corpo e mente anda junto e a paz harmoniosa entre eles traduz esse tão sonhado equilíbrio.
    Em geral se consideram esportes as atividades de recreio ou competitivas que exigem certa dose de esforço físico ou de habilidade. Podem ser individuais ou coletivos. No passado só eram considerados esportes as atividades recreativas praticadas livremente, como a pesca e a caça, em contraposição aos jogos, competições atléticas organizadas de acordo com regras determinadas. A distinção entre esportes e jogos hoje é menos clara, e com freqüência os dois termos são usados de forma indistinta.
    O principal objetivo sempre foi converter atributos físicos nas mais variadas formas de expressão corporal, como força, agilidade, flexibilidade, velocidade, etc. Além disso, também fomenta outras qualidades como respeito, coragem, disciplina, persistência.
    Segundo o autor o tema esporte tem origem no século XIV, onde os marinheiros usavam expressões “fazer esporte” com intuito de passar o tempo utilizando habilidades físicas.
    O esporte surpreende pela rapidez e amplitude de sua progressão, que se impõe pela atração que desperta, incita a ação, competição, superação de esforço, e que deste modo, favorece o enriquecimento pessoal, além de ser um extraordinário meio de expressão que revela os limites de cada um (FERREIRA, 2001).
    Atingindo de forma instantânea o esporte é cativante, desperta nos homens sua necessidade de competir, superar obstáculos, que faz pensar sobre questões antropológicas. Observando em nossas práticas o aluno praticante de esporte, nota-se que é o fundamento pelo qual suas características de ser humano se colocam a prova.
    Todos os esportes implicam uma atividade física. Como formas de interação social, exibição de força física e divertimento, os esportes surgiram com as civilizações. Culturas antigas como a egípcia e a chinesa já conheciam alguns esportes, mas essas atividades alcançaram seu desenvolvimento máximo na Grécia (TUBINO, 1993).
    Na Grécia o esporte era bem difundido, os mais famosos eram os Jogos Olímpicos realizados em Olímpia. Disputados de quatro em quatro anos, os jogos tinham extrema importância para a vida do país. Luta, corridas, lançamento de disco e dardo e salto em distância eram as modalidades praticadas. Nesta época a presença feminina era proibida, até mesmo como espectadoras.
    Um divisor de águas na história esportiva foi o surgimento da bola. Algumas civilizações a tinham como hábito em suas práticas. As primeiras bolas eram apenas bexigas de ar e com o passar do tempo foi sendo aperfeiçoada. Para gregos e romanos o esporte tinha conotação antagônica. Os primeiros visavam antes de tudo a competição, os s segundos objetivavam o entretenimento (TUBINO, 1993).
    A principal característica deste tempo foi a notória diferenciação entre as atividades das classes sociais. Nobres desenvolviam-se para aptidões guerreiras em torneios e combates, juntamente com caça e equitação. O povo voltava-se às práticas de jogos com bola (TUBINO, 1993).
    O esporte cresce infindavelmente e cada vez mais as pessoas buscam atividades físicas. Estes fatores trazem ao esporte uma crescente importância vinda desde seu surgimento até os dias atuais. Em 1896 renasce os Jogos Olímpicos através do barão Pierre de Coubertin, e também traz a máxima "o importante não é vencer, mas competir" (TUBINO, 1997). 
    No Brasil o esporte com maior popularidade é sem dúvida o futebol. Mundialmente entre os mais praticados estão são: basquetebol, voleibol, handebol, judô e tênis.
    O esporte está presente no nosso cotidiano através dos mais variados veículos de comunicação, tais como jornais, revistas, televisão, rádio, entre outros, e esta mídia que contribui para cada vez mais nos aproximar deste fenômeno.
    A importância que o esporte tem desde o século XX, é a influência que ele exerce na vida das pessoas a cada dia, não somente nos praticantes, mas também no grande número de curiosos que acompanham suas mudanças e seus principais fatos. Não podemos considerá-lo apenas como mais uma prática de saúde, de competição, movimentos. O esporte ramifica-se para outras diversas importantes áreas de nossa sociedade, tais como saúde, educação, economia, turismo, etc. Ele movimenta milhões de dólares em todo mundo e hoje existe até uma ciência do esporte, ganhando conotação cientifica (TUBINO, 1993).
Educação Física escolar
    Observando ao longo do estudo entendemos a importância do Esporte nos segmentos da sociedade, sendo este um fenômeno recriado e reforçado a cada dia em todo o mundo. Pode-se perguntar então qual o papel deste para o ambiente escolar, ou melhor, dentro da Educação Física escolar?
    A resposta que até agora nos parece mais aceita e verdadeira é que são muitas as respostas. Procurando já em uma concepção do que se espera da aula de Educação Física Escolar encontramos sociabilização, desenvolvimento motor, conhecimento corporal (corporalidade), respeito, entre outros muitos.
    O professor de educação na escola, no trato com o fenômeno Esporte no ambiente escolar, não deve ater-se apenas aos conteúdos relacionados à técnica e tática de diferentes modalidades; mais que isso, cabe a ele contribuir para a formação do cidadão (GALATTI e PAES, 2006). Mais uma vez se traz o esporte como um fenômeno dentro da sala de aula, os autores representam em seu trabalho os fundamentos pedagógicos do esporte no cenário escolar. Tratar deste importante meio de sociabilização dentro da escola com um olhar crítico é bastante necessário, visualizar na educação física escolar um momento de múltiplas comunicações.
    (Mattos, 2006) O esporte quando trabalhamos nas escolas podemos introduzir juntamente com a questão técnica de jogo propriamente dita essas outras capacidades.
    O esporte é ainda importante, pois trabalha atraindo os alunos para algo que eles, através da mídia, têm por gosto. Podem-se trabalhar valências físicas e até psíquicas dentro de exercícios independentes, por exemplo, mas sabe-se que trazendo elementos de um Esporte consegue atrair os alunos para a aula.
    O esporte é sem duvidas o elemento principal que um professor tem para utilizar na sua aula, levando em consideração a maneira com que prática e como a atividade se desenrola podem-se fazer adaptações buscando a eficiência. Os jogos também entram neste campo como atividades que propiciam o envolvimento mútuo, existem os jogos cooperativos que trazem ao aluno momentos de contato com o próximo.
    Cabe ao professor, segundo nossa experiência prática, atentar aos modelos que seguem no esporte, fazer intervenções é fundamental para administrar o melhor rendimento esperado (objetivo da aula).
    E como cada objetivo é distinto dentro da aula, também são distintos os esportes e aquilo que eles buscam, através de esporte podemos trabalhar motricidade fina, força, lateralidade, resistência, atenção, procurando o melhor para aquele momento. Ainda existe a possibilidade de se adaptar regras e modificar fundamentos de um esporte a fim de torná-lo mais útil para a aula.
    O professor de esportes deve ser visto como um educador e não como um mero transmissor de conhecimentos técnicos ou táticos. Sua ação deve ser baseada princípios críticos, pedagógicos e científicos para o desenvolvimento integral da criança (FERREIRA, 2001). Então a educação física escolar deve ser entendida como um momento imprescindível para o desenvolvimento psicomotor da criança e o esporte é a ferramenta que o professor de Educação Física tem em mãos para ser um diferencial no ambiente escolar.
Fonte:EFDeportes.com, Revista Digital
Dayse Jadão _Acadêmica de Educação Física
 

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Esporte escolar: o jogo de educar


O esporte atualmente vem adquirindo espaço e importância cada vez mais no ambiente escolar, em nossa sociedade, basta olhar á nossa volta para que comprovemos isto verificando o espaço deixado pela mídia, constatamos que a maioria das revistas de atualidades e jornais de grande circulação no País apresenta cadernos ou seções dedicadas a ele. Os canais abertos de televisão possuem desde blocos nos telejornais, até programas diários, semanais ou internacionais especializados em esportes. É uma atividade que envolve muito dinheiro e movimenta a indústria de lazer, turismo, roupas, equipamentos esportivos, alta tecnologia e pesquisas cientificas.
Seu significado é o conjunto de exercícios físicos, desporto, desporte.
O esporte se tornou um estilo de vida, tanto que CAGIGAL apud DARIDO e RANGEL (2005) chegou a afirmar que o esporte é um dos hábitos que caracteriza o nosso tempo, ou como coloca TUBINO (1999)’’o maior fenômeno do século XX.
O reconhecimento do esporte como um fenômeno social contemporâneo estimula reflexões sobre o seu tratamento como um conteúdo curricular escolar.
Portanto, o objetivo deste trabalho é conceituar, classificar, caracterizar, refletir, discutir, e propor vivências apontando possibilidades de tratamento didáticas no sentido da construção de uma identidade escolar dos esportes através dos Parâmetros Curriculares Nacionais.
A História do Esporte

O esporte moderno surgiu na Inglaterra, berço do Capitalismo, no final do século XIX, a mesma época da Revolução Industrial. O futebol, o atletismo moderno e o rúgbi surgiram nesta época.
No Brasil, o inicio do esporte deu se na metade da década de 40. Entre 1946 e 1968 a Educação Física sofreu a influencia de um método criado na França, por AUGUSTO LISTELLO, conhecido como Método Desportivo.
Generalizando, esse método procurou na Educação Física, dando ênfase ao aspecto lúdico. Iniciar os alunos nos diferentes esportes era o objetivo principal, e a estratégia utilizada era os jogos sendo ele, mais livre, flexível, rígido e com poucas regras, sendo com regras, técnicas e táticas impostas pela atividade esportiva praticada.
Com a ascensão do Regime Militar, o esporte tornou se a razão de Estado e a Educação Física Escolar sucumbiram subordinadas a este durante toda a década de 70. Com nova regulamentação especifica, a aptidão física torna se a referência fundamental para orientar desde o planejamento até a avaliação de Educação Física com a inclusão da iniciação esportiva a partir da 5ª série do Ensino Fundamental, o desenvolvimento da aptidão física, mencionada na lei, se dá por meio do esporte.
Assim, investigar a inserção da pratica esportiva, no âmbito da Educação Física Escolar Brasileira, justifica-se por apresentar uma reflexão no atual discurso sobre o fenômeno esportivo presente nessa disciplina: "A influência do esporte sobre a educação tem um grande crescimento após a Segunda Guerra Mundial, afirmando-se como elemento hegemônico da cultura corporal’’(ASSIS, 2001, P. 15)
O cenário político muda e a década de 80 fica marcada no meio acadêmico, pelo questionamento e pela reflexão sobre o papel da Educação Física e principalmente sobre o papel do esporte dentro da escola. Viajamos pela história desse fenômeno, mas afinal de contas, o que vem a ser esporte?
Conceitos dos Esportes

Em sua origem a palavra esporte significa regozijo, ou seja, diversão continua, ainda hoje servindo de base para quase todas as definições atuais.
Esporte é um fenômeno sociocultural, que envolve a prática voluntária de atividade predominante física competitiva com finalidade recreativa, educativa ou profissional, e predominantemente física não competitiva com finalidade de lazer, contribuindo para a formação, desenvolvimento e aprimoramento físico, intelectual e psíquico de seus praticantes e expectadores.
Vários autores escreveram sobre os conceitos do esporte, porém, conceitos contraditórios. Conceitos estes que apresentam em comum uma estreita ligação entre o esporte e o jogo.
FEIO apud DARIDO E RANGEL (2005) coloca que o esporte e o jogo têm em comuns elementos essenciais: liberdade, prazer e regras, mas esses elementos se diferenciam em atividades: a liberdade e a gratuidade são inerentes ao jogo no esporte, não se exclui a importância dada aos resultados, o que se faz é tão importante quanto à livre escolha que se fez no jogo, o prazer é processado imediatamente e unicamente pela motivação lúdica, o esporte, integra, em grande proporção gosto pelo esforço, o confronto com o perigo e os desafios do treinamento, as regras do esporte apresentam se restritivas, imperiosas, minuciosas e coerentes como o objetivo que se deseja alcançar.
Para TUBINO (1999) acrescenta que, no esporte moderno, o jogo tinha sofrido uma atrofia considerável e que a sistematização levará a perda de qualidade de jogo à medida que esse não levava ao divertimento.
O esporte nas aulas de Educação Física

O esporte serve muitas vezes como ajuda na socialização das crianças, e nas aulas de Educação Física não é diferente, mas também estando atento em um tratamento didático e pedagógico, ensinando-lhes a maneira correta que se deve trabalhar, sempre tirando dúvidas e as desafiando cada vez mais, não querendo transformar em superatletas, mais com o objetivo de que se tornem pessoas melhores e é nesse fim que nós futuros professores temos que trabalhar.
Devemos valorizar o conhecimento do conteúdo, construindo uma análise no esporte em geral, conhecendo suas modalidades, códigos, regras, instalações e aparelhos aprendendo e debatendo com esportistas e professores de determinadas modalidades conforme formos trabalhando.
Acreditamos que no ambiente pedagógico devemos tentar mostrar aos alunos atividades espontâneas com materiais que devem facilitar a atividade, desencadeando problemas para que eles resolvam, mudando os métodos quando esses mudam as formas de pensar, citando exemplos e atividades alternativas, ensinando-lhes a observar os fatos e o que não souberem indagarem, tentando trabalhar em grupo e fazendo com que desenvolvam habilidades de comunicação e socialização.
RAMIREZ apud SCARPATO (2007) Trabalhar com os conteúdos dos esportes na escola tem como pressuposto o aspecto de servir ao desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor, como individuo e a construção do conhecimento.
Para trabalhar com os esportes inclusive nas escolas, é necessário compreendê-los a partir de suas modalidades e dos pontos em comum que elas apresentam,não há desenvolvimento e esporte rico possível sem uma estrutura que lhe dê origem e o sustente, sem uma estrutura que não passe pelo sujeito.
O esporte nas aulas de Educação Física deve estar segundo KUNZ apud DARIDO E RANGEL (2005) pedagogicamente transformado, esporte escolar tem como pressuposto o aspecto de servir ao desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor, e à construção do conhecimento. Nós educadores devemos permitir que as crianças descobrissem novos métodos de diversão e aprendizagem, pois brincadeiras exercidas por eles em casa já são realizadas cotidianamente, se nós educadores dermos atividades já executadas por eles, estaremos permitindo que eles fiquem estáticos, ou seja, que eles não aprendam nada de novo.
Refletir sobre o esporte nas aulas de Educação Física escolar procuramos destacar uma educação fazendo de seus conteúdos uma ferramenta para o processo de formação dos alunos. A maneira que é utilizada o esporte nas aulas, destaca-se o sistema escolar, caracterizando o não esporte da escola e sim o esporte na escola, concordando com o (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p.07), é questionado a forma de ser trabalhado o esporte no ambiente escolar, pois é repassados regras e regulamentos dos esportes competitivos aos alunos. O professor acaba se tornando um treinador de seus alunos atletas, onde começam a ser exigido resultados e comparações a talentos esportivos.
Reforçando a critica de coletivos de autores, da utilização do esporte como rendimento no contexto escolar sendo esta forma, a conseqüência de frustração para a maioria dos alunos que não rendem o necessário, fazendo com que eles convivam com o sentimento de incapacidade e improdutividade.
Uma escola que assume por missão consolidar a capacidade e a vontade dos indivíduos de serem atores e ensinar a cada um a reconhecer no outro a mesma liberdade que em si mesmo, o mesmo direito a individualização e a defesa de interesses sociais e valores culturais é uma escola de democracia. (TORAINE 1998, p.339)
Os conteúdos do esporte nas aulas de Educação Física e sua tematização como nos advertem KUNZ apud DARIDO E RANGEL (2005) devem existir a partir da compreensão do esporte como fenômeno sociocultural, de maneira que os alunos não o façam acontecer apenas por sua ação motora, e sim principalmente por sua ação reflexiva.
Cada vez mais os alunos estão desinteressados pelas aulas propostos pelos professores, e sim interessados naquilo que os satisfazem, que na maioria das vezes acaba não sendo o ideal para eles, e infelizmente não existe uma relação dialética entre educador e aluno, onde a autoridade é o professor e o aluno deve fazer um papel passivo obedecendo.
Historicamente uma das primeiras classificações surgiu a partir dos esportes atléticos. Eles compreendiam as corridas, marchas, lançamentos e saltos, além de algumas provas combinadas, como o pentatlo e o decatlo. Além de existir uma divisão dos esportes em olímpicos e não olímpicos, individuais ou coletivos. Dentro dessa perspectiva, ainda pode-se notar os esportes artísticos, náuticos, militares, radicais e os de aventura. Outra tentativa para se classificar os esportes toma como foco as habilidades, estas se separam, conforme BOMPA apud DARIDO E RANGEL (2005) em cíclicas, acíclicas e combinadas.
O Único Caminho para a verdadeira critica ao esporte é abandono da vivencia em prol do discurso filosófico e sociológico.
TOURAINE (1998) defende a idéia de uma transformação da escola, onde ela não deva ter a função exclusiva de instruir, mas sim se preocupar com o ato de educar, e acima de tudo aumentar a capacidade dos indivíduos a ser sujeito. (TOURAINE, 1998, p.327).
Parece ser fundamental o aprendizado dos gestos motores na caracterização das atividades esportivas, e mais, é essencial a prática desses gestos para a progressão, visando à apropriação das modalidades esportivas. Talvez a questão central relacione-se á contraposição entre a prática consciente e a prática alienada. As dimensões dos conteúdos colocam-se como chave importante para a orientação nesse sentido. Como sugestão para uma abordagem metodológica envolvendo as reflexões acima apresentadas, destaca-se a proposição de objetivos que também levem em consideração as dimensões dos conteúdos.
O Esporte como algo a ser modificado

Algumas discussões podem ser motivadas a partir da proposta de transformação do esporte. Os mais rigorosos podem entender que qualquer modificação na estrutura, que diz respeito às regras ou ao espaço físico no qual acontece a vivência, pode ser considerada uma descaracterização da prática esportiva. Porém no ambiente escolar, ou mesmo nas escolas de esporte que trabalham ao nível da iniciação, inúmeras adaptações com objetivo de adequação ás características da clientela.
Em geral, essas ações contribuem muito mais do que atrapalham na compreensão do que venha a ser esporte.
Tendo em vista as diversas possibilidades de adaptação, os alunos devem compreender através da vivência e também da construção e desconstrução das regras, que o esporte caracteriza-se como um campo de ação aberto, e a atribuição de sentidos e significados pode ser orientada a adjetivos tais como a satisfação de um prazer intrínseco, uma atividade com fins sociais, uma vivência á aquisição e manutenção da saúde, entre outras possibilidades.
Concordando com Cagigal (1981), quando ele aponta que o esporte é extremamente importante, onde em nossa sociedade cada vez menos pessoas se exercitam apresentando alto índice mortalidade em doenças cardiovasculares.

http://www.efdeportes.com/efd144/esporte-escolar-o-jogo-de-educar.htm


Dayse Jadão-Acadêmica de Educação Fisica

quinta-feira, 30 de agosto de 2012


Jogos Escolares do Espírito Santo

          Os Jogos Escolares do Espírito Santo (JEES) é o evento esportivo mais amplo realizado pela Semed. O JEES é aberto às escolas municipais, estaduais e privadas do Estado e aos alunos de faixa etária entre 12 e 17 anos, nas categorias infantil e juvenil, que disputam os melhores lugares nas modalidades de Futsal, Basquete, Voleibol, Handebol, Badminton, Natação e Atletismo.
           A escola campeã é classificada para a fase regional, e caso conquiste a vitória nesta etapa, poderá disputar o Brasileiro dos Jogos. Os estudantes das Umefs Rubens José Vervloet, Paulo Mares Guia, Ulisses Álvares e Luiz Malizeck foram os primeiros a garantirem a representatividade de Vila Velha e do Estado do Espírito Santo em uma disputa nacional no campeonato de Badminton.

Jogos Escolares Municipais

           Tradição na rede municipal, os Jogos Escolares Municipais de Vila Velha (JOEMVVE) cresce a cada ano. O evento compreende a competição de diversas escolas do município nas modalidades de atletismo, badminton, futebol de salão, handebol, basquetebol, natação, voleibol e xadrez. Para se aproximar dos grandes eventos esportivos, durante a cerimônia de abertura dos jogos é realizado o desfile de delegações, acendimento da pira olímpica e juramento do atleta.
            Além de ser instrumento de integração entre os alunos e profissionais das diferentes escolas da rede, o JOEMVVE é um evento que auxilia na visibilidade e reconhecimento dos atletas mais talentosos. A Semed investe em eventos esportivos por acreditar que o esporte é uma ferramenta de inclusão e reforço de valores, como família, amizade além da disciplina que embute no atleta.



Kênia Simone Carneiro- Acadêmica de Educação Física.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Educação Física no Brasil: Esporte Escolar


A Educação Física, no que diz respeito a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio, entra em campo com uma abordagem mais ampla, sendo assim, com uma nova proposta de ensino nas diversas instituições escolares de todo o Brasil.
Com novos aspectos de ensino/ aprendizagem dentro das escolas, propondo uma nova metodologia de prática de esportes nas escolas, partindo para debates, entre alunos, tornando aulas mais dinâmicas e animadas. 
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais: Em relação ao âmbito escolar, a partir do decreto nº.69.450, de 1971 a Educação Física passou a ser considerada como "a atividade que, por seus meios, processos e técnicas, desenvolve e aprimora forças físicas,morais, cívicas, psíquicas, e sociais do educando". O decreto estimula somente as práticas de exercícios. atividade que, por seus meios, processos, aptidão física, tanto na organização das atividades como o seu controle e avaliação, e a iniciativa esportiva, a partir da Quinta série, se tornou um dos eixos fundamentais de ensino; buscava-se a descoberta de novos talentos que pudessem participar de competições internacionais, representando a pátria. (PCN – educação Física, 1998:21).
As atividades da Educação Física na abordagem tradicional restringe-se às práticas esportiva: voleibol, futebol, handebol e etc... limitando o aluno a quadra, no entanto, com a nova abordagem além de jogos, incluem danças, lutas, brincadeiras e jogos populares.
Dessa forma, com nova abordagem também deixa de lado o chamado sexismo, tornando as turmas mistas para as práticas dos esportes escolares e diversas atividade dentro da escola, tornando flexível para ambos os sexos, deixando um pouco de lado o espirito competitivo. Os esportes dentro da escola tornam se mais divertidos, tendo em vista, a participação de todos nas atividades.


Baseado no texto de Dinalba Ferreira da Matta - Pós-graduada em Ciências do Treinamento Desportivo.


Hélder Rodrigo- Acadêmico de Educação Física